Thursday, September 13, 2007

TOC ou necessidade?

Hoje, ao entrar no meu escritório, me deparei com uma grande desorganização muito harmoniosa. Tudo perfeitamente espalhado pela mesa, pilhas de coisas desconexas dão ar de ordem e propósito a todo este caos.

Certo! Preciso organizar tudo isto, catalogar em pastas, jogar fora o folder de lançamento da coleção de outono, separar recibos que me livram de futuras alegações de inadimplência. Devo colocar meus CDs e DVDs (de fotos, músicas, filmes, backups) em caixinhas ou case? E as revistas, que chegam semanalmente? Seria bom manter uma pequena biblioteca pra futuras consultas? Qual o impacto ambiental se eu jogar esta pilha num lixo comum? Ouvi dizer que é bom triturar meu saldo bancário, uma vez que minha lixeira não tem o poder de sumir com um arquivo confidencial, como tem a do Windows.

Por falar em Windows, existe também a "organização virtual"! Organizar as fotos em pastas (por data? por evento? existe algum programa novo que faz isto por mim?), deletar e-mails antigos (será que vou precisar dele no futuro?), devo salvar aquele anexo que, através de sua linda mensagem, deu mais sentido para minha manhã? E se eu perder tudo isto? Melhor fazer um backup?

Uma vez que não tenho de pronto uma resposta para todas estas angústias, crio meu próprio método e termino minha organização. Certamente não encontrarei nada tão rápido como faria se meu caos reinasse. Porém, esteticamente demonstrarei um equilíbrio para mim mesma, que precisarei me descobrir após tantas mudanças, e para o mundo que está sempre ali, te olhando e dizendo: "Sabia que você é a única que vive neste caos?".

Não queria ir tão longe, mas não seria algo parecido com a nossa desorganização interior? Talvez um psicólogo organize alguns dilemas, talvez juntamos várias dúvidas numa pastinha de nome "Diversos" e colocamos no fundo da gaveta, talvez não abrimos a porta daquele armário pois nos parece mais limpinho se ele permanecer fechado. Mas, com certeza, tomamos banho todos os dias, usamos cremes (principalmente mulheres) ou fazemos a barba (creio que apenas homens), vestimos roupas limpas e bem passadas. Ficamos, portanto, esteticamente equilibrados e organizados!

Tuesday, April 17, 2007

Blog Falindo

É... só pela data desta postagem já dá para perceber que meu querido Blog não tem sido uma grande prioridade em minha vida!

Se não é para mim, quem diria para quem o acessaria.

O fato é: um amigo, codinome Giacomo do "Mesa de Centro", me revelou o segredo que Blog é constância. Além de ter me dado um mês para postar algo, caso contrário meu link seria eliminado da lista dos indicados por ele. E com razão!

Porém, não sei ser concisa! Não consigo fazer aqueles post de 4 linhas precisas, interessantes e satisfatórias. Preciso me estender, divagar, construir o texto como me foi ensinado no colegial: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Fora isto, a faculdade de Direito me condicionou a ser o oposto de concisa. Estenda-se sempre! Quanto mais você abordar, menos chance terá de perder por revelia. Assim, qualquer dado é explicado, qualquer número escrito em seguida por extenso, qualquer termo pouco usual, como post, será buscada a etimologia anglo-saxã e seu reflexo na língua portuguesa.

Fora, é claro, o uso de termos que nem existem mais no Aurélio por desuso, ou que se assemelha mais ao espanhol que português.

Viu? Ainda não parei de escrever! Já está enorme e, pior, sem nenhum propósito... ou melhor, não sai da introdução e qualquer um leitor de Blog já teria desistido.

Vou me condicionar. Vou terminar do nada, simulando que alguma mensagem foi passada, que o desenvolvimento e conclusão estão agora na sábia mente do meu leitor.

Até!

Tuesday, January 16, 2007

Como assustar uma criança




Acredito que este tema já tenha sido bastante abordado por psicólogos ou interessados em psicologia infantil. Mas eu, que nem psicóloga, nem educadora e nem mãe sou, me assustei quando cantei uma tradicional cantiga infantil. Afinal, criança eu já fui e sabia cantá-las, mesmo que sem alguma consciência de seu significado. Porém, analisar o conteúdo e significado me fez chegar à conclusão que seus criadores tinham profundo ódio por criancinhas.

Bom... vamos aos fatos! A começar pela famigerada “Nana neném”. O título começou bem, certamente escolheria esta música para meu filho se entregar ao silencioso mundo onírico. Ocorre que meu lindo filho está sendo avisado, para não dizer ameaçado, que a Sra. Cuca irá pegá-lo. Nem eu, em minha avançada idade, relaxaria ao saber que uma tal de Cuca está para chegar. Pior ainda, o papai, símbolo da força e proteção, está na roça e mamãe, em algum lugar incerto e desconhecido, volta já.

Para analisar o real perigo, precisamos descobrir quem é a Cuca. Segundo a Galeria de Mitos Brasileiros: “A Cuca é um papão, um ente fantástico que mete medo às crianças causando pavor. Sua aparência varia de lugar para lugar, mas a maioria das pessoas diz que ela tem a forma de uma velha, bem velha e enrugada, corcunda, cabeleira branca, toda desgrenhada, com aspecto assustador. Ela só aparece à noite, sempre procurando por aquelas crianças que fazem pirraça e não querem ir dormir cedo. Então, a cuca as coloca num saco, levando-as embora para não se sabe onde e faz com elas não se sabe bem o que, mas, com toda certeza, trata-se de algo muito terrível.” (grifos nossos). Acho que não preciso mais discorrer sobre o perigo. Ele é altíssimo e a criança não tem a menor escolha se não dormir! Se conseguir, é claro.

Eu pergunto, então, que tipo de psicologia é esta adotada por tanto tempo? A melodia suave, a voz doce do cantor encoberta uma verdadeira agressão à criança, tornando o salutar ato de relaxamento e sono uma moeda de barganha frente a uma terrível ameaça.

Antes fosse apenas esta música. Assumiríamos que foi um erro cultural, que pais desavisados divulgaram tal canção sem se atentar ao seu conteúdo e pronto. Porém, não me parece normal dizer que atirei um pau num gato, mas o gato não morreu (o “mas” deixa clara a intenção de homicídio doloso). Claro que, para tentar matar um gato a paulada, esta tem que ser forte ao ponto de fazer com que o gato dê um berro bem alto! E a inerte Dona Chica apenas admira-se do violento ato, mas nada faz para repreendê-lo. Esta última personagem poderia ser o vetor moral desta barbárie. Ela poderia intervir e explicar que agressão de animais é algo sério. Mas não, ela admira-se e fim da história.

Será que nenhuma música poderia trazer um ambiente salutar e alegre? Onde não existe o perigo, o medo? Será que a criança tem que, logo cedo, se deparar com realidades tão pesadas como viver numa casinha infestada de cupin, pin, pin (ainda com uma sarcástica lagartixa), ou com canoas que viram por pura incompetência da tripulação, ou com brigas violentas de casais debaixo de sacadas, na qual Cravo e Rosa saem de alguma forma feridos? Ou pelo menos não estimular a intransigência frente à higiene pessoal, não lavando o pé simplesmente porque não querer?

Não pense que esta estranha conduta existe apenas na cultura brasileira. A mais famosa canção de ninar americana diz o seguinte: “Rock a bye baby on the tree top, / When the wind blows the cradle will rock, / When the bough breaks the cradle will fall, / And down will come baby, cradle and all.” O que, basicamente, informa que o berço vai cair e quebrar quando o vento soprar. Outra, chamada “Hush little baby”, diz que a mamãe presenteará a criança com alguma coisa, como um pássaro, um cavalo, se a criança prometer se calar e dormir. Lá a barganha é mais capitalista que assustadora. Mas, ambas as músicas estão longe de demonstrar algum carinho ou conforto, apenas buscam objetivamente que o neném pare de chorar e durma. Porém, o neném, que, na qualidade de neném que é, não tem mesmo outra forma de se comunicar que não pelo choro e, se não dorme, deve haver uma razão que, com certeza, não se resolve com uma chantagem ou barganha.

Claro que existem muitas outras e com muita qualidade, a começar pelo "Os Saltimbancos", que estimulam a criatividade, ainda tão presente nas crianças. Minha questão, ou revolta pessoal, é apenas entender o propósito dos autores destas letras. E, ainda por cima, como foram propagadas até nossa (minha) geração. Acredito e espero que tudo isto esteja mudando. Seja pelo desuso, seja pela adaptação. Minha sobrinha, de quase 3 anos, canta “pediu pão” e não “roubou pão” na casa do João, como eu costumava cantar.

Blog pra quem?

Demorei um pouco para entender a onda Blog. Um pouco, não, muito! Afinal este vício já se espalhou faz tempo e, só agora, resolvi escrever algo neste meu Blog criado há quase um ano. Então, como esta é minha primeira publicação, ou melhor, a oficial, vou tentar esclarecer, muito mais para mim que para qualquer possível (impossível) leitor, para quem um blogger escreve.

Acredito que o conceito original seja um diário virtual. Um quase anônimo cria uma página na internet e, sem se obrigar a seguir nenhum tema específico, desabafa suas observações do dia-a-dia. E assim o faz através de posts, que tanto podem ser curtos, com frases quase de efeito, resumindo um grande pensamento. Como extensos, no qual elaboram um tema à moda antiga: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Se fosse mesmo um diário, os principais leitores seriam amigos próximos, inimigos ocultos, família. Isto porque, haja vista seu anonimato, saber o que o The Blogger jantou ontem à noite pouco me interessaria. Entretanto, o conceito diário se expandiu e acabou tornando-se um depositário virtual de idéias. Isto deu uma graça a este movimento! Permitindo que anônimos tornem-se quase-jornalistas, quase-poetas, quase-sexólogos, quase-reveladores-de-verdades-não-ditas... Descomprometidos com o sucesso, afinal tudo está mais para um hobby do que uma carreira profissional, o blogger tem sempre a sua frente uma página em branco, pronta para ser rabiscada por qualquer idéia e, quem sabe, alguém irá dizer: Puxa! Adorei!

Isto ele, no fundo, sabe! É adorável mesmo. Meu texto, tão bem construído, com idéias tão originais não teria como ser ruim. Se eu fosse famoso receberia mais aplausos, com muito menos. Mas tudo bem! Obrigada anônimo por adorar meu texto. Se eu fosse famoso, desprezaria mais sua opinião.

Depois de escrever tudo isto, fiquei com a estranha sensação, que acredito não ser comum entre os bloggers, de não querer que este texto seja lido. Ou melhor, não querer que minha página seja acessada e que nenhum comentário seja feito. Quero a garantia do anonimato! A garantia descomprometida com a qualidade, com a fama, com a aceitação...

Acho, então, que este depositário virtual de idéias, pelo menos para mim, seria mesmo uma espécie de diário. Pois se não houvesse o comprometimento de escrever algo apresentável (já que pessoas podem ler) e fossem apenas arquivos de Word salvos em uma pastinha "Desabafo" no Meus Documentos, pouco seria escrito. Ou com menor qualidade, ou, quem sabe, com mais sinceridade. Mas escrever com a certeza que não será lido por ninguém, mesmo tendo o lado positivo da sinceridade, não trás aquela sensação de compromisso, de obrigação e, por último, a feliz sensação de dever comprido quando terminado e comentado por visitantes.

Meu primeiro dever cumprido! Aos meus impossíveis leitores, que nunca lerão e nem comentarão, sejam bem vindos ao descompromissado depositário de meus vagos pensamentos!